Senado aprova regulamentação do trabalho doméstico
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO - ECONOMIA. 12 de julho de 2013
O Senado aprovou ontem a
regulamentação do emprego doméstico, mais de 100 dias depois da emenda
que ampliou os direitos desses trabalhadores, A proposta preenche as
lacunas.da legislação, como o pagamento do Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS) e do seguro-desemprego, e a dinâmica da jornada de
trabalho.
A matéria ainda precisa ser apreciada pelo plenário da Câmara dos
Deputados, onde o governo, que tentou atrasar a tramitação, tentará
fazer valer algumas de suas vontades.
Embora discutido com o Palácio do Planalto por mais de três meses -
foi criado até mesmo um grupo interministerial, coordenado pela Casa
Civil, para tratar da matéria o texto ainda carrega pontos sem
consenso. É o caso da redução de 12% para 8% da alíquota do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) que os patrões pagam sobre o salário.
As ressalvas se devem aos temores de impacto nos cofres da Previdência
Social.
Entre as idas e vindas, esse foi um dos poucos itens do texto do
qual o relator da matéria, o senador Romero Jucá (PMDB- RR), não abriu
mão. A justificativa desde o início das discussões é da necessidade de
assegurar a capacidade de pagamento dos empregadores, que após a emenda
ficaram obrigados a arcar com outros custos. Para Jucá, isso
permitiria o aumento da formalização do trabalho doméstico - hoje
apenas um terço dos 7,2 milhões de trabalhadores têm carteira assinada.
Contribuição. Da forma como o texto segue para a Câmara, o
empregador vai pagar um adicional dev 20%" sobre o salário. Além dos"8%
de INSS, ficará sujeito a 0,8% de seguro acidente de trabalho e 11,2%
de FGTS.
Jucá determinou que 8% sigam para o FGTS e o restante para uma
conta separada, que vai substituir a multa por demissão sem justa causa
- os porcentuais estarão em contas diferentes. Quando o empregado for
demitido, ele saca o valor. Em casos de pedidos de afastamento,
"demissão por justa causa, morte ou aposentadoria do trabalhador, o
empregador poderá reaver o valor.
Para facilitar o pagamento das novas contribuições previstas na
emenda constitucional, Jucá propôs a unificação com o chamado Simples da
Doméstica. O cálculo será feito por um site do governo, onde o patrão
vai apenas imprimir o boleto todos os meses. O portal vai calcular,
ainda, o Imposto de Renda retido na fonte. O governo tem 120 dias, a
partir da publicação da matéria no Diário Oficial, paia implementar o
Simples, A Caixa já começou a estudar como fazer essa implementação.
Refis do INSS - O projeto de Jucá permite, ainda, que os patrões
parcelem as dívidas previdenciárias com o que chamou de Redom
(Recuperação Previdenciária dos Empregadores Domésticos), que reduz em
100% as multas e em 60% os juros.
Ao contrário do que ocorre com trabalhadores urbanos e rurais, que
têm seguro-desemprego por até cinco meses, os domésticos poderão receber
o valor pelo máximo fie três meses. Ficam proibidas recontratações no
período de dois anos, para evitar demissões apenas para requerer a
indenização.
* Conta
8%
será o percentual do salário a ser pago pelos patrões
11,2% será o porcentual de FGTS
Débora Álvares - Brasília
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